Uma Viagem ao Século 19
NAIRA SALES (TEXTO) BIANCA FONSECA (FOTOS)
* Matéria publicada Jornal do Commercio 22,23,24 de junho
Uma grande oportunidade para conhecer um pouco da História do Brasil, da região onde tudo acontecia no século 19, principalmente, os grandes concertos musicais nas fazendas dos poderosos barões da época, é visitar a 10º edição do Festival do Vale do Café de 17 a 29 de julho. Este ano haverá homenagem aos 100 anos de nascimento do ‘Rei do Baião’, Luiz Gonzaga, com participação da cantora Elba Ramalho. Serão realizados mais de 80 eventos, distribuídos por diversas cidades do interior fluminense, dos quais, apenas 14 serão pagos. A cidade de Resende será a grande novidade já que receberá o evento pela primeira vez, no Teatro Acadêmico, o maior da América Latina.
Durante o festival é feita uma pesquisa realizada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do estado (Sebrae-RJ), parceiro do evento, revelou que o comércio aumenta as vendas em 30% durante o período do festival. Este ano o festival teve um orçamento de R$ 3,5 milhões, com recursos captados através da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, e da Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio de Janeiro.
"O Sebrae atua como um grande parceiro do festival auxiliando os proprietários e empresários nas melhorias para recepcionar o público, deixá-lo satisfeito, e com isso atrai-lo a retornar em outras épocas. Durante o festival a Instituição realiza uma pesquisa, cujo maior objetivo é mapear o impacto causado à região", diz Beatriz Castro Alves da Backstage, empresa produtora do festival.
"Pousadas, restaurantes, lojas de artesanato e hotéis ficam lotados durante o festival. Outra pesquisa mostra que turistas que vão para o festival acabam retornando às cidades para aproveitar suas atrações. "Nosso trabalho de divulgar a região está sendo um sucesso", completa Beatriz.
Hotel Fazenda Florença
Para quem for ao festival uma ótima dica é visitar o Hotel Fazenda Florença, em
Conservatória, que também fica aberta ao público fora do período do evento para hospedagem com direito a sarau e visita guiada ao casarão de 1852. O visitante terá o privilégio de encontrar objetos raros do século 19, tais como bengalas, chapéus, xícaras bigodeiras de porcelana, jogos de sofá Luiz XV. Destaque para o prato de pão de Dom Pedro II, que para o Proprietário Paulo Roberto Santos é o mais importante da coleção. Ainda poderá ser visto o guardanapo feito de linho com seda (adamascado) de uso pessoal do Imperador.
Paulo ressalta o compromisso de contar uma parte da história com veracidade, "a história não pode ser inventada, tudo aqui é histórico de fato. Há comprovações documentadas." Ele ainda fala sobre a importância social e econômica da grande festa para o sul fluminense, "o festival é um alavancador de turismo e emprego para o Vale do Café", diz Paulo.
Fazenda Vista Alegre, de 1852
Com ambiente colonial, arejado e familiar, a fazenda Vista Alegre, de 1852, localizada em Valença, pertenceu a Joaquim Gomes Pimentel, o Visconde Pimentel. Foi palco da chamada ‘Escola dos Ingênuos’ a primeira no país a educar filhos de escravos e crianças pobres. Ela também possui o sistema de visitação histórica e muito a se contar, como a respeito da produção de queijos dana realizada pela família dinarquesa Nielssen. E abrigará eventos do festival do Vale do Café. "O festival cresceu de uma maneira grandiosa. Antes não tínhamos a estrutura de hoje, sem falar da movimentação econômica que passou a ocorrer na cidade", diz Renata Mattos, neta dos atuais proprietários Delio e Clair de Mattos Santos.
Um passeio que não pode ficar de fora é percorrer o Centro Histórico de Vassouras. Onde irá encontrar a estação ferroviária, a Câmara Municipal, o Paço Municipal, a Praça Barão de Campo Belo, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e o Chafariz Monumental.
Museu Casa da Hera
O Museu Casa da Hera, Patrimônio Histórico e Artístico Cultural, possui uma riquíssima história da empreendedora família Teixeira Leite, com destaque para Joaquim José Teixeira Leite um grande intelectual e político de sua época. O museu proporciona ao público uma viagem no tempo pelos 22 cômodos divididos em quatro alas, sendo a comercial, social, íntima e de serviço.
Com 62 janelas, o que era marca da imponência financeira na região, objetos preservados, mapas originais, quadros a óleo, vestimentas, porcelanas, piano de cauda, lustre de cristal. A casa recebeu o nome 'Hera' devido ao zelador Manoel da Silva Rebello tê-la cobrido com a planta que tem esse nome. Eufrásia Teixeira Leite, no século 20, ao se tornar a única herdeira e por ser apaixonada por artes, deixa em testamento a propriedade com cláusula de preservação dos objetos e arquitetura para que a história pudesse ser vista no futuro. "'A nossa proposta é levar cultura a todos, demonstrar que o museu é acessível a públicos variados"', diz a diretora do museu Daniele de Sá.
Fazenda São Luiz da Boa Sorte
Com 176 anos de história a Fazenda São Luiz da Boa Sorte, de Liliana Rodriguez e Nestor Rocha, foi uma das maiores produtoras de café entre 1840 até cerca de 1880, hoje a fazenda mantém a produção de leite. Com ambiente muito elegante e requintado, possui o sistema de visitação histórica cultural. O visitante tem a oportunidade de viver um momento especial ao conhecer o modo de vida no século 19; a mesa posta para o banquete real; O quarto do príncipe; o quarto do padre; o quarto da Donzela; as centenárias Palmeiras doadas pela Corte. No Casarão, um dos detalhes que mais impressionam é o Quarto do Príncipe, criado para receber o Conde D’Eu em 1876. Ainda na visita um momento incrível, uma imagem de Frei Galvão, abençoada pelo Bento XVI. "Essa fazenda tem a minha alma", diz Liliane Rodriguez . A proprietária busca parcerias para oferecer visitações gratuitas aos estudantes da rede municipal e estadual do Estado do Rio de Janeiro.
Fazenda São Luiz da Boa Sorte
Mais informações:
http://www.festivalvaledocafe.com
http://www.paulapcara.com/fazenda/index.html
http://www.fazendasaoluizdaboasorte.com.br
http://www.hotelfazendaflorenca.com.br
http://www.preservale.com.br/
