sexta-feira, 22 de junho de 2012

Entrevista Michael Hill


NAIRA SALES
* Matéria publicada no Jornal do Commercio/ 22/23 e 24 junho

     Um dos melhores compositores e guitarristas do blues, Michael Hill, fez duas apresentações espetaculares na 10ª edição do Festival de Jazz de Rio das Ostras. Hill e sua banda esbanjou requinte, virtuosismo técnico, carisma e bom humor nas apresentações. O Blues Mob é formado por Michael Hill (voz, guitarra) Peter Cummings (baixo e vocais) Bill Mc Clellan (bateria e vocais) David Barnes (gaita). Em entrevista ao Jornal do Commercio Hill falou de como é está de volta ao Brasil e como é sua preparação para os shows.


                                  Foto: Bianca Fonseca



Jornal do Commercio - Poderia falar um pouco sobre quando começou sua paixão pelo jazz e o blues?

Michael Hill - Cresci escutando a excelente coleção de músicas do meu pai, ele tinha uma grande variedade de música, de Duke Ellington, Harry Belafonte e Johnny Ace a Elvis Presley, Jackie Wilson e os Impressions. Minha mãe e avó cantavam e tocavam piano, por isso minhas irmãs e irmão e eu fizemos um monte de canto. Comecei a tocar guitarra aos 18 anos por causa de Jimi Hendrix, e Hendrix e seus contemporâneos me levaram para o blues como um gênero específico. Além disso, final dos anos 60 e início dos 70 foram um tempo de exploração, de modo que também exploramos artistas do jazz como Miles Davis, John Coltrane, Archie Shepp e Pharoah Sanders.

Quais são suas referências músicais?

Tudo o que eu já ouvi e gostei me influenciou de alguma maneira. Em termos de referências importantes, Jimi Hendrix, Bob Marley, Curtis Mayfield, amigos como Vernon Reid e os meus colegas da Coalizão Black Rock, e mais tarde, incrível Sekou Sundiata . Tão importante quanto eles, meu irmão Kevin e minhas irmãs Kathy e Wynette, pois começamos nossa primeira banda quando Kevin tinha 14 anos e Kathy tinha 15 anos. Eu tinha 21 anos e Wynette tinha 20 anos, e nossos pais, Rufus e Eunice, nos levavam aos nossos shows e nos deram um apoio incrível. Minha família é a razão mais profunda pela qual toco música hoje.

Na sua opinião a música instrumental é pouco valorizada?

Toda a música que não é vista como a música "pop" está subvalorizada em termos de exposição, comercialização e o respeito oferecido na mídia e pela indústria da música. Isso inclui, obviamente, blues e jazz. O capitalismo tem grande sucesso em transformar a arte da música em migalhas, em que a música serve o negócio. Porém os artistas não serão silenciados, boa música sempre vai ser tocada e ouvida, mesmo que seja para a própria família, entes queridos ou a comunidade. Em outro sentido, acredito que tão gratificante como a música instrumental pode ser, a voz humana, com histórias em palavras e texto, será sempre o instrumento mais popular.

O que você conhece de música Brasileira?

Eu não posso fingir ser um especialista, mas eu amo a música brasileira que eu conheço. Eu percebo que há uma grande variedade na música brasileira que eu só ouvi de passagem, mas a bossa ou samba, que o mundo ama, está também profundamente no meu coração. Essa música tem um espírito que é totalmente original e realmente levanta o coração e alma em suas sensibilidades melódicas, acordes e tonalidades. Para falar de músicos específicos, há muitos inspiradores e grandes artistas brasileiros, mas Romero Lubambo para mim é um gênio absoluto da guitarra com um espírito generoso, gentil que é tão poderoso quanto a sua música incrível.

Você é religioso? Como são seus preparativos antes de começar um show?

Eu vivo e penso a espiritualidade não é limitada, confinadas ou definida por qualquer religião organizada; espiritualidade é muito importante na minha vida. Na preparação para um show eu tente focar a realidade que eu quero criar em termos de como me conectar com o público, de uma forma além das notas ou sons que fazemos. Uma das coisas mais importantes que um artista deve saber é que o público quer gostar de você, para apreciá-lo e ter uma boa experiência. O tempo que nós compartilhamos com cada público é uma bênção, preciosa e única que levamos muito a sério, e tento aproximar-me com um espírito de amor, que é o alicerce de todo o bem em toda as nossas vidas.

Na abertura dos seus shows você diz sempre uma frase. " Esse Show é dedicado a Paz e Justiça", de que modo a música pode influência positivamente na vida das pessoas?

O maior propósito que a música pode ter é servir para ser uma força de cura na vida das pessoas. Como toda a arte pode, ele toca o coração das pessoas com alegria e inspiração, e pode aumentar ou responder a perguntas, levar as pessoas a ver as coisas de uma maneira um pouco diferente e permitir que as pessoas a experimentem vidas e mundos além do seu próprio. Música conecta o coração, mentes e espíritos das pessoas, e em um nível muito básico. É uma das coisas que tornam esta vida valer a pena.

Como foi feita a escolha das músicas para as apresentações do Festival de Rio das Ostras?

Queria tocar músicas do nosso novo álbum que será lançado em JSP Records em agosto de 2012, que é chamado de "Deusas e Ouro Redux". Além disso, eu escolhi músicas de entre os nossos cinco álbuns anteriores, que oferecessem um equilíbrio para o festival: energia funky e momentos mais íntimos. Canções que caracterizam a participação do público são sempre importantes, e nós gostamos de honrar as tradições da música, incluindo músicas de grandes nomes. Neste caso, optamos por Muddy Waters, Chuck Berry, Bo Diddley, Bob Marley e Jimi Hendrix.

Como foi ser convidado pela segunda vez para o festival de Jazz de Rio das Ostras?

Nossa primeira experiência em Rio das Ostras em 2007 foi incrível. A equipe, as audiências, a hospitalidade, o hotel que permiti a interação entre os outros músicos convidados, o alto nível de equipamentos de preparo e conhecimento técnico, tudo isso estava no mais alto nível. Sem falar com o calor incrível e generosidade de espírito que se encontra tão facilmente no Brasil.

* A repórter viajou ao convite do Festival de Jazz de Rio das Ostras

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