quinta-feira, 1 de março de 2012

Livro Bananas Podres do grande poeta Ferreira Gullar


NAIRA SALES


         Sobre Ferreira Gullar, ninguém menos que Vinicius de Moraes escreveu, em 1976, que se tratava do "último grande poeta brasileiro". E com mais de 60 anos de carreira ele lançou este ano o livro Bananas Podres, uma reunião de seus poemas acompanhados por uma série de pinturas e colagens inéditas de própria autoria. O tema das bananas em decomposição frequenta os versos de Ferreira Gullar desde os anos 1970. Embora já houvesse surgido antes a ideia de reunir os poemas sobre bananas podres num livro ilustrado, só recentemente Ferreira foi levado a inventar este pequeno álbum.
          "É verdade que, faz alguns anos, escrevi mais alguns poemas sobre o tema, mas o fator decisivo foi ter percebido que as folhas de jornal, que uso para limpar o pincel, lembravam, com suas manchas escuras, a cor das bananas quando começam a apodrecer. De inicio, apenas as recortei e colei, sem associá-las aos poemas. Como a lembrança de bananas apodrecendo na quitanda de meu pai me volta de vez em quando à memória, terminei por juntar as colagens e os poemas, como um modo de responder a esse apelo do passado. Foi como viver aquela época, com muita satisfação e alegria", diz o poeta.
         O tema bananas podres também está presente no último livro de Ferreira Gullar, intitulado "Em alguma parte alguma", recentemente premiado como o melhor do ano na categoria pelo Jabuti. Nestes poemas da nova edição, a infância em São Luís, a família, a passagem do tempo, a desordem e a tentativa de reter sensações estão presentes nos poemas que refletem o melhor da poesia de Gullar e suas próprias interpretações visuais sobre sua vida e expressão.
          Ferreira diz que todos os meu livros são diferentes. "Costumo dizer que minha poesia nasce no espanto.  Precisa de alguma coisa que me surpreenda – que eu não tenha descoberto ainda na vida, com minha experiência de vida.", confessa Gullar, defensor da prática da simplicidade na escrita do poema
Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira) é poeta, crítico de arte, tradutor e ensaísta. Publicou seu primeiro livro de poesia, Um pouco acima do chão, aos 19 anos. Dois anos depois, se mudou para o Rio de Janeiro, cidade em que mora até hoje. Colaborou em jornais e revistas e foi um dos criadores do movimento Neoconcreto, lançado no fim da década de 1950.
Nos anos 1960 dedicou-se também à dramaturgia. Entre 1971 e 1977, durante a ditadura militar, viveu no exílio. Nessa temporada fora do país, escreveu o Poema sujo, considerado um dos pontos mais altos da literatura brasileira. Também publicou outros títulos importantes de poesia, como A luta corporal, Dentro da noite veloz, Barulhos e Muitas vozes.
            Entre seus ensaios mais conhecidos estão Vanguarda e subdesenvolvimento e Argumentação contra a morte da arte. Recebeu em 2010 o prêmio Camões pelo conjunto de sua obra. Em 2011, com Zoologia bizarra (Casa da Palavra) foi laureado com o selo Altamente Recomendável FNLIJ e foi vencedor do prêmio ABL, na categoria infantojuvenil, e, com o livro Em alguma parte alguma (José Olympio), na categoria poesia, venceu o 53º prêmio Jabuti.

Bananas Podres
De Ferreira Gullar
64 páginas
R$ 55,00

Nenhum comentário:

A Bossa Nova e o Jazz estão na pauta do quinto encontro do ciclo que o CCBB Rio de Janeiro apresent

Zeca Pagodinho faz show no Espaço Hall, na Barra da Tijuca                                                          Zeca_Ft_GutoCos...