segunda-feira, 9 de julho de 2012


O Cruzeiro, o marco do fotojornalismo 


                               JEAN MANSON/ACERVO CEPAR CONSULTORIA



NAIRA SALES
Matéria Jornal do Commercio/ 6/7/8

        A principal revista ilustrada brasileira do século 20 O Cruzeiro. Fundada por Carlos Malheiro Dias, pelos Diários Associados de Assis Chateaubriand será tema da exposição Um olhar sobre O Cruzeiro: as origens do fotojornalismo no Brasil, no Instituto Moreira Salles a partir de terça-feira, e poderá ser vista até 7 de outubro. A revista implantou o fotojornalismo no Brasil e, por isso, a exposição apresentará mais de 300 imagens e matérias mostrando a relação entre as imagens dos fotógrafos e as fotorreportagens. A mostra tem curadoria da professora e curadora do Museu de Arte Contemporânea da USP, Helouise Costa, e de Sergio Burgi, coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles.
       A mostra terá como foco as décadas de 1940 e 1950, período de maior inventividade e penetração social da revista. No dia da abertura, será realizada uma mesa-redonda com o jornalista e escritor Fernando Morais; Flávio Damm e Luiz Carlos Barreto, que colaboraram para a revista como fotógrafos; e a curadora Helouise Costa. A entrada é gratuita e os lugares são limitados.
       Na exposição, serão apresentadas as contribuições de Jean Manzon, José Medeiros, Peter Scheier, Henri Ballot, Pierre Verger, Marcel Gautherot, Luciano Carneiro, Salomão Scliar, Indalécio Wanderley, Ed Keffel, Roberto Maia, João Martins, Mário de Moraes, Eugênio Silva e Carlos Moskovics, além de Flávio Damm e Luiz Carlos Barreto.
       A exposição se baseia na comparação entre as imagens produzidas pelos fotógrafos com as reportagens publicadas. "Essa é, sem dúvida, uma abordagem inédita e só foi possível devido ao fato de o Instituto Moreira Salles possuir a documentação de muitos dos fotógrafos que trabalharam ou colaboraram em algum momento com a revista, tais como, José Medeiros, Peter Sheier, Henri Ballot, Luciano Carneiro, Carlos Moscovitch, Salomão Scliar e Marcel Gautherot", diz Helouise .
       "Além disso recorremos a diversos outros acervos como os de Jean Manzon e Pierre Verger, depositados em outras instituições e às coleções particulares de Flávio Damm e Luiz Carlos Barreto, por exemplo. O Diário de Minas também cedeu material. A relação entre a produção autoral dos fotógrafos e o resultado do trabalho editorial da revista O Cruzeiro foi, portanto, o eixo escolhido para guiar o percurso do visitante na exposição", completa curadora.
       Na sala inicial o visitante verá uma síntese da exposição. "Primeiro pelo foco nas décadas de 1940 e 1950. Segundo pela opção de apresentar O Cruzeiro a partir da contraposição de eixos temáticos díspares, no caso o índio e o sistema de arte, o que evoca um recurso editorial característico da revista", adianta Helouise.
Já a discussão sobre a autonomia da câmera que será apresentada nessa sala é um exemplo de como serão problematizadas as questões relativas à linguagem fotográfica. "A presença das publicações estrangeiras congêneres, por sua vez, visa contextualizar, sempre que possível, a inserção da revista brasileira em um sistema midiático de caráter globalizado. A exposição irá apresentar também diversos exemplos de revistas como a Vu, Match, Paris Match, Life e Picture Post", conta a curadora.
       Helouise buscou mostrar que as contribuições dos diferentes fotógrafos, em que pesem as suas especificidades, ajudaram a compor o perfil multifacetado da revista, o que considera ter sido um dos principais fatores de sua enorme aceitação. "De qualquer modo, nós poderíamos chamar atenção para o trabalho, pouco conhecido, do fotógrafo Luciano Carneiro, cuja importância no contexto da história do fotojornalismo brasileiro ainda está por ser avaliada. A sua contribuição para a revista foi bastante expressiva, tendo ele assumido as diretivas de um certo fotojornalismo de ação, de caráter humanista, contrário ao modelo implantado na revista por Jean Manzon no início da década de 1940, que privilegiava a foto posada".

Instituto Moreira Salles
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
De 11 de julho a 7 de outubro de 2012
De terça a domingo, das 11h às 20h
De terça a sexta, às 17h, visita guiada pelas exposições

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